Project Description
Estima-se que 18 milhões de pacientes foram submetidos a procedimentos cirúrgicos nos EUA em 2000, excetuando-se os procedimentos ambulatoriais. Na vigência de alguns desses procedimentos, é prática comum a solicitação do “Risco Cirúrgico” ou, de forma mais adequada, a “Consulta Pré-operatória”, uma vez que a função do clínico, mais do que estimar riscos, é identificar morbidades e situações de risco para definir estratégias que minimizem as complicações da cirurgia. Nesse sentido, o clínico baseará sua avaliação na anamnese, no exame físico e em alguns exames complementares, podendo utilizar um dos vários índices de risco disponíveis na literatura.
Inicialmente, é importante reconhecer que procedimentos anestésicos e cirúrgicos promovem alterações endócrinas, metabólicas e hemodinâmicas que podem resultar em complicações de gravidade variável, na dependência do estado de saúde prévio do paciente. Dentre algumas dessas alterações, podem ser citadas a sobrecarga circulatória ao coração e o aumento de catecolaminas circulantes pelo estresse cirúrgico, o inotropismo negativo devido a agentes inalatórios e a venodilatação com redução da pré-carga e do débito cardíaco causada pelos agentes intravenosos. Outro fator a ser considerado é o tipo de anestesia. Anestesias locais e bloqueios regionais estão associados à menor morbi-mortalidade que os bloqueios axiais e a anestesia geral.
De modo geral, a mortalidade cirúrgica é baixa (<1%), e o sistema cardiovascular e o respiratório são os mais associados às complicações pós-operatórias, devendo ser os alvos principais nesta avaliação. Alguns dados mostram que o infarto agudo do miocárdio per-operatório acomete 50.000 pessoas/ano nos EUA, estando sua incidência aumentada 10 a 50 vezes naqueles com eventos coronarianos prévios17,3.
Uma idéia comum e equivocada é considerar esta avaliação como a seleção de “aptos” e “inaptos” para o procedimento. Cabe exclusivamente ao anestesista e ao cirurgião responsáveis pelo caso, a decisão de considerar o paciente apto para a cirurgia em questão. Da mesma forma, o encaminhamento ao especialista ou a solicitação de exames complexos são muitas vezes desnecessários e onerosos, contribuindo apenas para o adiamento da cirurgia e frustração do paciente. O exame pré-operatório útil é aquele capaz de sugerir mudanças na conduta que beneficiem o desfecho per e pós-operatório do paciente.
Todo esforço deve ser feito para a consulta pré-operatória ser conduzida pelo clínico no ambulatório, reservando a avaliação de pacientes internados para casos excepcionais, cuja doença necessite internação hospitalar para melhor controle e preparo do paciente (ex.: paciente idoso internado devido a uma fratura de colo de fêmur). Essa é uma forma de reduzir tempo de internação, custos hospitalares e risco de infecção, melhorando também o impacto psicológico do tratamento para o paciente e seus familiares.
Saiba mais: http:Revista Hupe – UERJ